terça-feira, 25 de novembro de 2014

E se o Brasil fosse movido pelo sol?

Apesar do grande potencial, a energia solar é pouco explorada no país

Fotovoltaica. Esse termo é familiar para você? A palavra é o resultado do junção entre "foto" - que significa luz - e voltaica, que quer dizer "volt". A expressão é usada quando se fala em eletricidade solar, fonte de energia alternativa que ainda busca seu espaço no terras brasileiras, apesar das condições climáticas favoráveis em todo o país para a implementação de painéis fotovoltaicos. Segundo o Atlas de Irradiação Solar no Brasil, diariamente incide entre 4500 a 6300 watt-hora por metro quadrado (watt-hora é a unidade utilizada para medição de energia). Traduzindo, o Brasil é o país com maior quantidade de radiação solar no mundo.

Como base de comparação, o local menos ensolarado no território brasileiro recebe 40% mais energia que o lugar com maior radiação solar da Alemanha, que é a maior produtora de energia fotovoltaica em todo o mundo. Arthur Ribeiro, coordenador da feira de negócios EnerSolar Brasil acredita que um dos motivos que impedem a implementação do sistema no país é o alto custo e falta de incentivo. “Faltam políticas que incentivem a inovação tecnológica, que reflitam no desenvolvimento de um parque industrial nacional e no aumento da oferta de equipamentos solares”, afirma


Seguindo em frente à pequenos passos

Ainda que o Brasil esteja engatinhando quando o assunto é eletricidade solar, existem diversas organizações não-governamentais que estão apostando na fonte de energia. O projeto Quilombo Solar, coordenado pela ambientalista, ativista, educadora ambiental Vânia Stolze, é um desses exemplos. Em maio deste ano, foi implantado o primeiro sistema de energia fotovoltaica para a geração de eletricidade na comunidade tradicional do Quilombo do Grotão, no Parque Estadual da Serra da Tiririca, em Niterói. A iniciativa tem como objetivo conciliar o desenvolvimento sustentável e o uso da energia fotovoltaica com a preservação das comunidades tradicionais. Além de promover uma fonte limpa, gratuita, renovável, os moradores dos local receberam orientações e descontos em sua conta de luz com o excedente da produção.

“A iniciativa aqui em Niterói surgiu a partir da experiência que realizei junto ao Greenpeace na instalação do primeiro sistema solar de microgeração distribuída na comunidade do Morro dos Macacos, Vila Isabel. A partir daí, o presidente da associação dos moradores do Quilombo do Grotão nos procurou e, desde então, iniciamos este trabalho em Niterói. Nossa busca é integrar também o maior número possível de jovens nessas ações, pois sem eles não há como estabelecer uma verdadeira melhora de qualidade de vida. Eles são os agentes transformadores”, conta Vânia Stolze.

Crianças da comunidade Quilombo do Grotão, em Niterói, participam do projeto Quilombo Solar
Além do Quilombo Solar, Vânia coordena outra iniciativa diferente. O Pipoca Solar também surgiu em 2014 através do concurso Empreendedor Solar - que tinha como objetivo premiar um vendedor ambulante de comida com um carrinho movido a energia solar. O vencedor foi Fernando Melo, que é pipoqueiro na Avenida Graça Aranha, rua no Centro do Rio de Janeiro, há 22 anos. O Pipoca Solar ainda está em fase de arrecadação de fundos para a construção da carrocinha, mas deve ser lançado em dezembro deste ano.


Vale à pena ser sustentável?

Apesar do pouco incentivo governamental, tem gente investindo e trocando a fonte de energia tradicional pela fotovoltaica. São pessoas não só interessadas no benefício e na economia que a novidade traz, mas também preocupadas com o meio ambiente. O designer Fernando Ribeiro, morador da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, conta que a experiência valeu muito a pena. "O sistema é eficiente e confiável e em nada altera a minha rotina. Consegui economizar mensalmente cerca de 50% em relação ao que gastava antes com a conta de luz", explica.

Os painéis fotovoltaicos são instalados em uma área da residência, geralmente no telhado. Os módulos captam a luz solar e inversores a transformam em energia elétrica, que é incorporada à rede da concessionária local. Mesmo com todos os benefícios, usar energia solar no Brasil ainda sai caro. Os projetos começam em R$ 15 mil. De acordo com especialistas, a tendência é que com a popularização o preço caia. Tomara. Assim, o planeta agradece e o bolso dos brasileiros também.

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