terça-feira, 25 de novembro de 2014

Atual crise energética brasileira gera previsões pessimistas para o próximo ano

       A Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu que 2015 será o Ano Internacional da Luz, porém, em virtude da atual crise energética brasileira, pouco se tem a comemorar, pelo contrário, há muito para se preocupar.


       Assusta o volume de empréstimos concedidos ou aprovados ao setor de distribuição de eletricidade. Com a nova parcela de R$ 6,6 bilhões definida no início de agosto deste ano, o volume total se aproxima de R$ 18 bilhões. Metade foi concedida por bancos federais. A outra metade saiu de bancos privados, numa medida coordenada pelo governo federal. O socorro é necessário porque as distribuidoras passaram a gastar mais para comprar energia do que podem cobrar do consumidor, após a adoção de uma nova política federal para o setor, em 2012. A política tinha um objetivo defensável – baixar o custo final da energia no país –, mas falhou.

       O problema energético brasileiro não se restringe apenas a esses subsídios ao setor. A situação crítica de abastecimento com o período de forte estiagem, seguida de elevadas temperaturas registradas atualmente – e que só tendem a aumentar com a chegada do verão -, reacende a possibilidade de racionamento de energia elétrica. Segundo Mauro Swank, professor de Engenharia Elétrica da PUC-Rio, ainda não houve um apagão esse ano, devido à quantidade de usinas térmicas pulverizando a geração. “Entramos numa crise de água e praticamente 70% da nossa geração é hídrica. É a fonte principal de energia elétrica do país”.

       O aumento populacional acarreta no aumento do consumo, que não é acompanhado proporcionalmente pela capacidade de armazenamento dos reservatórios nas hidrelétricas, colocando em evidencia a fragilidade do sistema de abastecimento. “Tudo o que está acontecendo hoje é problema de gestão. Quando os juros estão baixos, as pessoas compram mais, consomem mais e se setor elétrico não acompanha esse crescimento, surgem essas crises”, afirma o professor.

       Planejamentos brasileiros de médio e longo prazo já entraram em ação. A Agência Internacional de Energia realiza, anualmente, um relatório sobre a situação energética de um determinado país. Em 2013, o Brasil foi o escolhido e no capítulo em que foi analisado, foi divulgado que a demanda energética brasileira deve duplicar em 2035. O estudo também afirma que o Pré-Sal colocará o país entre os maiores produtores de petróleo do mundo e sua produção triplicará, chegando em 2035 com estimativa de seis milhões de barris por dia, colocando o Brasil na sexta colocação de maior produtor mundial. A previsão é de que a hidroeletricidade continue sendo primordial na geração de energia elétrica. Segundo a AIE, fontes eólicas, gás natural e biomassa terão crescimento para atender à demanda. A médio prazo, foi aprovado, em janeiro de 2014, o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), que apontou, no período de 2013 a 2022, uma alta de consumo de 4,1% ao ano. O estudo mostra, também, a redução de produção de etanol, especialmente até 2016, e a importação de gasolina. Além disso, antecipa a produção de cinco milhões de barris diários de petróleo em 2022 e o aumento da oferta de gás natural.



Entrevista na íntegra com o professor de Engenharia Elétrica da PUC-Rio Mauro Swank

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